Biografia
José Albano de Macedo, popularmente conhecido como “Ozildo Albano”, nasceu no dia 20 de novembro de 1930, na cidade de Picos- PI. Foi o segundo filho do casal Manoel Albano da Silva e Neomísia Macêdo Albano. Tendo a primogênita falecida ainda criança. Teve como irmãos, Anísio da Silva Macêdo, Raymundo da Silva Macêdo, Edvaldo Macedo Albano - já falecidos - e Maria da Conceição Silva Albano e Albano Silva. Descendente de família católica recebeu o batismo na igreja de Nossa Senhora dos Remédios, e seus padrinhos foram o avô paterno, Albano da Silva Fontes, e a tia e madrasta de seu pai, Francilina Maria de Moura.
Sua primeira professora foi a Senhorita Hilda Policarpo de Melo, que mais tarde veio a participar da II Guerra Mundial como enfermeira nos combates, sendo denominada “Heroína de Guerra”.
Após ser alfabetizado no tradicional grupo escolar Coelho Rodrigues, ingressa no Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Teresina, onde permaneceu até o ano de 1948.
Voltando a Picos em 1949, alistou-se no Tiro de Guerra 201. Neste mesmo ano presta exame de admissão ao ginásio, ingressando na primeira turma do Ginásio Estadual Picoense: as amizades que fez e consolidou nesse período o acompanharam por toda a vida, acrescentadas por tantas outras que ele conquistou. Dentro os inúmeros amigos daquela época estão Dimas Lélis, Dagoberto Rocha, Alderi Albano, José Bezerra, Maria do Carmo Leopoldo, Maria Luísa de Deus, José Borges e Olívia Rufino.
O período de 1950 a 1953 em que cursou o ginásio foi bastante enriquecedor para a sua vida intelectual e social, pois além de liderar movimentos estudantis, todo seu intelecto era voltado para as inovações culturais de Picos. Com muito empenho, engajou-se, juntamente com outros colegas e amigos, em um projeto ambicioso, um verdadeiro sonho: a implantação de um jornal em Picos. Assim, com o esforço de todos, conseguiu trazer de Recife - a capital pernambucana, uma gráfica para facilitar as atividades do GRÊMIO LITERÁRIO “DA COSTA E SILVA”, e no dia 9 de março de 1952 nasceu o jornal “Flâmula”, um periódico noticioso e cultural do grêmio estudantil, sendo ele próprio o gerente da gráfica e responsável pela impressão do jornal. A circulação da primeira edição, em 15 de março do mesmo ano, causou grande impacto e admiração do povo picoense.
Após concluir o curso ginasial em 1953, transferiu-se para Fortaleza-CE, a fim de prosseguir os seus estudos. Matriculou-se no tradicional Liceu Ceará, onde passou a cursar o científico, hoje ensino médio. Prestou vestibular, e ingressou na universidade Federal do Ceará, onde bacharelou-se em Direito, em 1961. Quando universitário, foi presidente da Casa do Estudante, militante de movimento estudantil e membro da JUC (Juventude Universitária Católica). Ainda em Fortaleza, ao mesmo tempo em que estudava, iniciou sua experiência no magistério, como professor da rede particular de ensino.
Retornado a Picos em 1962, envolveu-se com a educação, a qual dedicou-se com empenho. Foi professor do Colégio Comercial de Picos, onde também exerceu a função de diretor. Lecionou as disciplinas de Português, Literatura, Redação e História em colégios da rede estadual de ensino e, juntamente com sua irmã, Professora Conceição Albano, funda o instituto Padre Anchieta.
Ao ser aprovado em concurso público para Juiz de Direito, fora nomeado para exercer essa função nas cidades de Pio IX e Jaicós, nunca se afastando, porém, do magistério.
O professor e historiador Ozildo Albano percorreu muitos caminhos como “garimpeiro” em busca de “tesouros”, conseguindo juntar peças, documentos, livros e objetos significativos da história de picoense.
Nascia assim, em 1966, um museu em sua própria residência, localizada na Avenida Getúlio Vargas, Nº 285, cujo homenageado foi o Capitão-Mor João Gomes Caminha, personalidade histórica de seus ancestrais, o qual lhe despertara interesse de pesquisa sobre a sua história de bravura como prisioneiro político na Ilha das Cobras, hoje Fernando de Noronha. Os primeiros objetos foram adquiridos através desse ilustre capitão.
Este entusiasta da cultura franqueou à comunidade picoense ao espaço Museu-Biblioteca Capitão-Mor João Gomes Caminha principalmente aos estudantes e pesquisadores, a quem atendia pessoalmente. Posteriormente em nova residência, Ozildo também transferiu o museu, que passou a funcionar na Rua São Francisco Nº 500, em espaço mais favorável ao público.
Todo potencial intelectual e humano de Ozildo Albano foi voltado para as raízes de sua terra e do seu povo. Como pessoa pública, mas de tamanha humanidade, soube consolidar laços afetivos e cultivar o amor à história de Picos. Sendo um historiador nato, soube edificar um notável patrimônio cultural de incalculável valor.
Dotado de uma memória fabulosa, foi cognominado de “Enciclopédia viva ambulante”. Em 1983, Ozildo Albano foi escolhido por unanimidade, pela câmara municipal de Picos, para ocupar o cargo de Chefe de Departamento Municipal de Cultura. Em curto espaço de tempo catalogou os prédios públicos e particulares da cidade e organizou a galeria dos prefeitos de Picos, de 1890, com o primeiro Intendente, a 1988, com o prefeito Abel de Barros Araújo. Defendia e propagava a ideia de que fossem tombados, como Patrimônio Histórico-Cultural, o prédio do Grupo Escolar Coelho Rodrigues, primeiro grupo escolar de Picos, bem como o antigo prédio da Prefeitura Municipal de Picos.
Ozildo Albano, além do seu potencial nos diversos ângulos da sabedoria, era romântico, possuidor de uma afinada voz e eterno apaixonado pelas coisas do sertão, da natureza e dos fatos pitorescos da sua cidade. Era possuidor também de um bom humor e elevado carisma. Cultivava sua religião, sendo devoto sagrado do Coração de Jesus e de Nossa Senhora dos Remédios- Padroeira de Picos. O folclore era o seu ponto forte e sua maior preocupação era com a preservação da cultura popular de Picos. Vale ressaltar a sua grande contribuição à formação de grupos culturais como o MAC (Mutirão, Arte e Cultura) e o apoio à preservação dos grupos de São Gonçalo das localidades de Vaca Morta e Saquinho. Seu estilo musical predileto era a seresta, chegando a formar o primeiro trio de seresta da cidade com o amigo Elísio Serafim e a grande amiga Olívia Rufino, o qual passou a animar eventos escolares, aniversários, festas familiares e também a fazer um programa na Rádio Difusora de Picos, muito apreciado pelos ouvintes da época.
Acometido de um infarto, veio a falecer na tarde do dia 05 de julho de 1989. Mas sua história não termina aqui. Ela continuará através dos tempos, pois em cada objeto, em cada documento e em cada peça do seu museu, esta seu rastro para sempre indelével.
O povo picoense tem muito a agradecer a Ozildo Albano por ter resgatado a sua história e legado esse precioso patrimônio histórico-cultural que é o Museu Ozildo Albano, atualmente localizado na sede do antigo Grupo Escolar Coelho Rodrigues, na Praça Josino Ferreira, nº 404, no centro de Picos.
Qualquer homenagem é muito pequena diante da grandeza desse filho dedicado, amigo e fiel amante de Picos.
(Mundica Fontes)